Júlia sorria, sorria muito, e tinha um sorriso cativante.
Trabalhava como secretária numa firma de advocacia e gostava muito de seu trabalho. Ela não sabia, mas grande parte dos resultados que conseguia no cotidiano se deviam ao seu sorriso.
Além da competência e dedicação indispensáveis, e notáveis, era ao sorrir que provocava o encantamento e o bem-estar que a faziam tão valorizada, tanto por seus chefes como pelos clientes do escritório.
Sua disposição e boa vontade se expressavam com perfeição no sorriso aberto, confiante, muitas vezes elogiado, mas que já intuía ser importante desde menina, antes que alguém expressasse isso para ela em palavras.
Não havia situação complicada ou solicitação delicada que ela não resolvesse, ou ao menos equacionasse, com aquela luz que irradiava de seu rosto ao sorrir. Júlia tinha uma vida bastante feliz.
Mas um dia, um imprevisto, um tremendo susto: chuva, trânsito, uma derrapagem do carro que o marido dirigia e a colisão aconteceu.
Não foi violento, nenhum dos dois se feriu gravemente, até foram para casa no mesmo carro, algo abalados, é verdade, mas nenhuma ameaça mais séria à saúde, nenhum risco de vida.
Mas Júlia, sabe-se lá como, mesmo usando o cinto de segurança bateu a boca no painel. E quebrou dois dentes…
No dia seguinte, reunião importante e inadiável, cliente internacional no escritório, tinha de estar presente, não tinha jeito. A ida ao dentista, que devia ser priorizada, teria de ser postergada. A perda dentária nem foi tão na frente assim, pensou, ia dar um jeito.
Foi trabalhar “normalmente”, mas constrangida com o espaço vazio deixado pelos dentes perdidos evitou sorrir e falou o mínimo possível, mexendo os lábios só o necessário.
Num momento de humor, descontração de alguém em meio à reunião seriíssima, não foi possível conter o riso: cobriu a boca com a mão. Foi tudo muito estranho, estava bastante desconfortável.
Naquele dia, nada deu certo. Não recebeu, como sempre, os olhares simpáticos do cliente novo e importante que chegava, dos chefes, dos colegas de trabalho. Até as pessoas com quem cruzou na rua pareciam desaprová-la.
A dentista de confiança, de quem não abria mão, estava de férias, só voltaria na semana seguinte. Imprudente, Júlia resolveu esperar.
Nos dias seguintes, sua vida foi um inferno… Não tinha dores e até conseguia se alimentar (nada muito duro), mas todo seu universo virou de cabeça para baixo.
Sem seu sorriso precioso, não sabia se colocar, conversar, ser afável, solícita, agradar, nem mesmo se vestir. Nada ficava bom com aquela cara amarrada, boca travada para não revelar o “segredo” imprevisto. Sentiu-se, como nunca, infeliz…
Até que a dentista voltou e realizou-se a consulta, com a devida bronca da profissional. Mas estavam juntas há anos, era paciente e amiga. Uma providência provisória foi tomada, pôde falar e sorrir de novo, não como antes, mas com um pouco mais de segurança.
No tempo certo, com todo o preparo, todos os cuidados, foi colocada a solução definitiva: dois implantes para substituir os dentes perdidos. Horas depois do procedimento final, Júlia voltou a sorrir como antes, comer como antes, a vida voltou aos trilhos. A felicidade se restabeleceu.
Júlia sobreviveu esse tempo até o implante, foi sofrido, mas não só superou como descobriu quanto sua vida dependia de seu sorriso. Era por ele que irradiava sua luz pessoal para se relacionar com os outros, com o mundo. Ela era mais que ele, claro, mas só ao recuperá-lo voltou a sentir-se plena.
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Essa história é totalmente de ficção, mas foi baseada em nossa experiência com casos reais em que não poder sorrir com segurança abala tanto a autoestima das pessoas que chega a comprometer o convívio social e a vida profissional. Se você tem um problema como esse, faça contato hoje mesmo. Se conhece alguém nessa situação, encaminhe. Nosso trabalho é multiplicar sorrisos.