A grande e acalorada discussão sobre imposição de padrões estéticos pode confundir a cabeça de quem ainda acha que todos têm o direito de achar algo ou alguém feio ou bonito (o que não significa avaliar só por isso, nem expressar essa opinião de forma inconveniente). Certamente existem padrões e certamente existe pressão social para atingi-los, mas daí a acreditar (sem demonstrar) que esses padrões são totalmente arbitrários e que as pessoas são indefesas frente à pressão social há uma longa distância.

Acontece que biólogos e estudiosos do comportamento já demonstraram fartamente que aquilo que as pessoas (na média), consideram atraentes está diretamente relacionado a sinais de fertilidade e outras qualidades de sobrevivência na selva, ambiente em que viviam nossos ancestrais, com os quais compartilhamos nossa genética (quase toda). Não é uma opinião, é um fato.

Assim, uma determinada proporção entre busto/cintura/quadril na mulher indica (estatisticamente) uma maior capacidade para ter filhos (procriar, preservando a espécie) e um queixo de determinado formato no homem é um marco biológico tanto de sua capacidade reprodutiva como da competência de caçar a refeição do dia e lutar contra o predador que vê, ou via, na nossa espécie sua refeição.

Uma ideologia extremista hoje praticamente predominante em várias mídias, tradicionais e digitais, prega que simplesmente reconhecer a existência de algo que pode ser chamado de “natureza humana” (e, portanto, desses marcos biológicos) é condenar as pessoas a determinado papéis e funções na sociedade. Em vez de reconhecer a existência e relevância das tendências biológicas e desvinculá-las das escolhas sociais individuais, muita gente prefere negar, ou desprezar, as evidências.

Pensar estatisticamente é algo um tanto complicado, nem todo mundo entende que predominância estatística não significa inexistência de variação. Portanto, embora a provável maioria dos seres humanos se sintam atraídos, a princípio, por certas características físicas, dentro da variação estarão aqueles que preferem outra coisa, e a própria convivência social pode acionar outros mecanismos de atração e estabelecimento de vínculos afetivos.

Normalmente, é sobre um padrão biológico de atração identificável que se desenvolve um tratamento estético. A mudança não vai necessariamente “definir” a pessoa, mas pode deixá-la mais atraente, segundo certos critérios que acabam se tornando técnicos porque baseados na premissa estatística. Um padrão identificável comum a várias culturas é a simetria, ou equilíbrio de formas. Tanto que traços simétricos normalmente são chamados de “beleza clássica” (uma das definições de “clássico” é “aquilo que perdura”).

É daí que surge o conceito de harmonização facial, ou orofacial. Quando mais alinhados e proporcionais forem os dentes e os traços do rosto, mais provável será (e não certeza) que uma pessoa seja atraente para outras pessoas (e, sim, a percepção que os outros têm de nós importa em várias situações) e até para si mesma (visto que também é munida desse, digamos, aparelho biológico de avaliação estética).

Nada disso pode ser uma prisão, algo obrigatório ou compulsório, e parece melhor pensar nas pessoas – pelo menos as adultas – como sendo capazes de resistir à pressão social que tentaria “oprimi-las” do que condenar sumariamente quem gosta ou concorda com o padrão e decide ir atrás dele, nos outros ou em si mesmo.

O que importa, no nosso caso, é que se sua escolha for tentar realçar sua beleza, nós a respeitamos totalmente, atendemos profissionalmente, orientamos cuidadosamente e ajudamos a realizar seu desejo, utilizando o que há de mais avançado na ciência e na tecnologia – sem exagero, nem preconceito.